

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou em 2 de setembro de 2025 um julgamento histórico contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus principais aliados políticos e militares. O caso, que envolve acusações de tentativa de golpe de Estado, está sendo acompanhado de perto pela sociedade brasileira e pela comunidade internacional, já que pode definir não apenas o futuro do ex-presidente, mas também o rumo da democracia no Brasil.
O que está sendo julgado
Bolsonaro e outros sete réus são acusados de formar um “núcleo crucial” de uma organização criminosa armada, responsável por tramar contra o Estado Democrático de Direito. Entre os crimes listados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) estão:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de golpe de Estado
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Dano qualificado ao patrimônio da União
- Deterioração de patrimônio tombado
Essas acusações também se conectam aos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por apoiadores radicais do ex-presidente, gerando prejuízos superiores a R$ 20 milhões.

A fala de Alexandre de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, abriu a primeira sessão reforçando a posição do Supremo em defesa da democracia. Ele afirmou que o Brasil não aceitará qualquer tipo de coação, seja interna ou externa, e fez referência às recentes pressões vindas do governo de Donald Trump, que classificou o julgamento como uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
Moraes declarou de forma enfática:
“A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida.”
Essa fala destacou a determinação do STF em manter sua independência diante de pressões políticas internacionais.

Paulo Gonet: “O golpe já estava em curso”
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou seu parecer reforçando a gravidade das acusações. Segundo ele, o processo de tentativa de golpe já havia começado quando Bolsonaro e militares convocaram reuniões para discutir a formalização de uma ruptura institucional.
Gonet foi categórico ao afirmar:
“Não é preciso esforço intelectual extraordinário para reconhecer que quando o Presidente da República e depois o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso.”
Para o procurador, não punir esse tipo de crime abriria espaço para novos impulsos autoritários, colocando em risco o próprio modelo de vida civilizada.
O que dizem as defesas
Todos os oito réus negam as acusações. A defesa de Bolsonaro chamou o processo de “golpe imaginado” e questionou a validade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Os advogados afirmam que não há provas suficientes para colocar Bolsonaro no centro da trama.
Defesas de outros acusados, como os ex-ministros Anderson Torres e Walter Braga Netto, também alegaram falta de provas e classificaram a delação de Cid como forçada. Já os advogados do general Paulo Sérgio Nogueira sustentaram que ele teria atuado contra a ideia de golpe.
Como funciona o julgamento
O STF programou cinco sessões para este julgamento:
- 2 de setembro
- 3 de setembro
- 9 de setembro
- 10 de setembro
- 12 de setembro
O rito inclui a apresentação das acusações, a defesa de cada réu, e em seguida a votação dos ministros da Primeira Turma do STF: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A decisão será por maioria, e caso haja condenação, o próprio Moraes apresentará a proposta de fixação das penas, que será votada pelos demais ministros.
Impactos políticos e sociais
Esse julgamento não afeta apenas Jair Bolsonaro e seus aliados — ele tem peso direto no futuro político do Brasil. Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar penas severas e ficar inelegível por longo período. Além disso, o processo é visto como um teste da resiliência democrática brasileira, após anos de polarização política e ataques às instituições.
No cenário internacional, o caso também gera tensão. A pressão de Trump e as medidas de retaliação dos EUA mostram que o julgamento ultrapassa fronteiras e pode influenciar as relações diplomáticas entre os dois países.
Estamos diante de um dos momentos mais relevantes da história política recente do Brasil. O julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados simboliza não apenas a responsabilização por supostos crimes contra a democracia, mas também a afirmação de que as instituições brasileiras permanecem firmes diante de crises e pressões externas.
Independentemente da decisão final, o processo deixa claro que a defesa do Estado Democrático de Direito será sempre uma prioridade. Para os cidadãos, acompanhar esse julgamento é essencial, pois suas consequências podem definir o futuro da política e da própria democracia brasileira nos próximos anos.