Julgamento de Bolsonaro no STF: O que você precisa saber sobre a trama golpista e os documentos secretos da PGR

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, em 2 de setembro de 2025, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sete aliados no processo criminal por suposta tentativa de golpe de Estado. O caso tem movimentado a cena política e jurídica do Brasil, com repercussão nacional e internacional.

O núcleo crucial da acusação envolve Bolsonaro e seus principais aliados, incluindo militares de alta patente e ex-ministros, que teriam participado de ações para subverter os resultados das eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República (PGR) baseia sua denúncia em documentos secretos, delações premiadas e evidências coletadas pela Polícia Federal (PF).

A acusação da PGR

Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, há provas de que “quando o Presidente da República e o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso”.

Os réus respondem por cinco crimes principais:

  1. Organização criminosa armada
  2. Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  3. Golpe de Estado
  4. Dano qualificado ao patrimônio da União
  5. Deterioração de patrimônio tombado

Além disso, a denúncia conecta os acusados aos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, causando prejuízos estimados em mais de R$ 20 milhões.

Documentos secretos encontrados

A PGR apresentou uma série de documentos e anotações que supostamente comprovam a organização do golpe. Entre eles:

  • Caderno de Augusto Heleno: com diretrizes estratégicas, listas de aliados confiáveis e críticas ao sistema eleitoral, incluindo referências a supostas fraudes.
  • Arquivos digitais de Alexandre Ramagem: textos intitulados “Bom dia Presidente” e “Presidente TSE informa.docx”, detalhando vulnerabilidades e questionamentos sobre urnas eletrônicas.
  • Planejamento Punhal Verde Amarelo: encontrado com Mário Fernandes, com codinomes como “Jeca” (Lula), “Joca” (Alckmin) e “Juca” (possivelmente José Dirceu), incluindo estratégias de neutralização de autoridades e uso de armamento pesado.
  • Rascunho de decreto golpista: achado no celular de Mauro Cid, sugerindo declaração de Estado de Sítio com justificativas legais para tentar consolidar o golpe.

Segundo a PGR, esses documentos indicam que o golpe não era apenas uma ideia, mas um plano estruturado, com divisões em núcleos e cronogramas detalhados, envolvendo militares e aliados políticos.

A defesa dos réus

Todos os réus negam as acusações. A defesa de Bolsonaro afirma que não há provas que liguem o ex-presidente diretamente ao plano Punhal Verde e Amarelo ou aos chamados “Kids Pretos”, militares que teriam participado de ações violentas.

Os advogados criticam a delação de Mauro Cid, chamando-o de “observador” e questionando a credibilidade de suas informações. Também questionam a forma como a PF apresentou os documentos, alegando que os registros foram tirados de contexto e interpretados de maneira inventiva.

Como funciona o julgamento

O julgamento ocorre em cinco sessões: 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025. O rito prevê:

  • Leitura do relatório do relator, ministro Alexandre de Moraes.
  • Parecer da PGR, com exposição de até duas horas.
  • Sustentações orais das defesas, uma hora por réu.
  • Leitura dos votos dos ministros da Primeira Turma do STF: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

A decisão será tomada por maioria, podendo a defesa recorrer a embargos infringentes em caso de condenação não unânime.

Por que este julgamento é importante

O julgamento de Bolsonaro é considerado um marco para a defesa da democracia no Brasil, avaliando se houve tentativa de golpe e atentado às instituições democráticas. Também influencia a percepção internacional sobre a estabilidade política e institucional do país.

Como destacou Moraes, o STF não aceitará “coação de Estado estrangeiro” ou tentativas de obstrução do processo, reforçando a independência da Justiça brasileira.



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