

O palco da ONU e a crise que ninguém quer assumir
Em setembro de 2025, a Assembleia Geral da ONU voltou a se transformar em um grande tribunal político. O tema central: Gaza, Israel e o eterno impasse sobre o reconhecimento de um Estado Palestino. O que deveria ser um espaço de diplomacia virou um ringue de acusações, discursos inflamados e promessas vazias.
A pergunta que fica é: a ONU ainda serve para alguma coisa além de palco midiático para líderes mundiais?
O discurso bonito versus a realidade sangrenta
Nas últimas semanas, dezenas de países — incluindo potências europeias — intensificaram o reconhecimento formal do Estado Palestino. Mas, na prática, esse gesto simbólico pouco muda a realidade no Oriente Médio. Enquanto líderes discursam em Nova York, civis continuam morrendo em ataques, bloqueios seguem sufocando a população e nenhum acordo de paz real parece próximo.
A contradição é gritante: líderes falam em “direitos humanos”, mas continuam financiando guerras e enviando armas para os lados em conflito. Não seria isso a maior hipocrisia política do século?
Trump, Lula e a retórica do poder
A presença de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva na ONU adicionou tempero extra à crise. O norte-americano, fiel à sua retórica nacionalista, defendeu Israel com força, mas ao mesmo tempo surpreendeu ao dizer que “a Palestina precisa ser ouvida”.
Já Lula apostou em um discurso contra a ingerência estrangeira e pediu respeito ao direito de autodeterminação dos povos.
Ambos saíram aplaudidos por suas bases, mas a dúvida permanece: será que existe vontade política de verdade ou apenas teatro diplomático para as câmeras?
A farsa da “comunidade internacional”
Não é novidade que a expressão “comunidade internacional” é apenas uma fachada. No caso de Gaza, cada país toma posição de acordo com seus interesses econômicos, militares e eleitorais.
- Os EUA seguem blindando Israel.
- A Europa tenta equilibrar direitos humanos com acordos comerciais.
- Países árabes usam o tema como bandeira política, mas poucos oferecem ajuda prática.
No fim das contas, quem paga a conta é sempre o povo palestino e, em menor escala, a população israelense que também vive sob risco constante de ataques.
Reconhecimento simbólico não enche barriga
Reconhecer o Estado Palestino em discursos pode render manchetes, mas não muda o fato de que a Palestina continua fragmentada, sem controle pleno de seu território e com suas fronteiras decididas por outros.
É como dar um “diploma” para alguém, mas não oferecer condições de trabalho. Bonito no papel, inútil na prática.
O papel da ONU está morto?
A ONU nasceu em 1945 para evitar novas guerras mundiais. Setenta anos depois, ela parece incapaz até mesmo de promover diálogo real em conflitos regionais. Resoluções são aprovadas e ignoradas. Missões de paz são mal financiadas. E os membros permanentes do Conselho de Segurança usam o poder de veto para proteger seus aliados, perpetuando um sistema injusto e desequilibrado.
No caso do Oriente Médio, a ONU se tornou apenas mais uma arena de discursos inflamados, mas sem consequências práticas.
A verdade que ninguém quer ouvir
A crise em Gaza expõe uma verdade dolorosa: a paz não interessa aos grandes jogadores globais. Guerra dá lucro — em armas, contratos de reconstrução e barganhas políticas. Se a Palestina conquistar reconhecimento real, muitos interesses econômicos e estratégicos seriam afetados.
Por isso, o ciclo continua: bombardeios, resoluções, discursos, mais bombardeios.
O que o leitor precisa refletir
Diante desse cenário, a reflexão é inevitável:
- Até quando vamos aceitar que vidas humanas sejam moeda de troca?
- Por que líderes falam tanto em direitos, mas agem apenas quando convém?
- Será que a ONU ainda tem legitimidade ou precisamos de uma nova ordem mundial de verdade?
Responder a essas perguntas pode ser desconfortável, mas ignorá-las é perpetuar a farsa.
Conclusão: não é paz, é propaganda
O Oriente Médio segue sendo palco de uma guerra que já não é apenas territorial ou religiosa, mas também um espetáculo político global. A ONU, que deveria ser mediadora, virou figurante de luxo nesse teatro sangrento. Reconhecimentos simbólicos e discursos emocionados não mudam a realidade: a Palestina continua refém, Israel segue cercado e o mundo finge que se importa.
Enquanto isso, quem morre não são os diplomatas, mas os civis. E esse é o maior escândalo político que ninguém tem coragem de admitir. https://pay.kiwify.com.br/5EgzoCm?afid=YoXi4vEy